domingo, 7 de outubro de 2012

Nada deve parecer impossível de mudar


Triste estou eu. Pela derrota do Freixo no Rio.

Ele está ótimo. Feliz da vida? Não. Realizado? Claro que não. Sem dúvida, não. Só que Marcelo Freixo é um líder, e como tal, não se deixará abater tão fácil. E eu só tive certeza disso porque fui lá, na Lapa, ouvi-lo falar. E voltei com um alento: essa história apenas começou.

Não tinha palanque, e mal tinha um microfone. No centro de um enorme círculo feito de gente como eu e você, que eventualmente me lê agora – e não de extraterrestres vindos de um planeta distante-, ele falou coisas que, para mim, fazem absoluto sentido. Pediu que não se desmobilizem os mais de cem comitês formados na campanha, e que se transformem em espaços para se discutir a cidade que se quer viver. E não a cidade que querem nos empurrar goela abaixo. Porque sempre querem. E muita gente ainda acha que política não nos diz respeito.

Pois se não diz, deveria dizer. Poderia dizer. ‘Nada deve parecer impossível de mudar’.

Agradeceu a todos que se envolveram de uma maneira ou de outra, que militaram, que aguentaram o tranco de uma campanha desestruturada e descapitalizada. E melhor: sem deixar parecer que era assim! E narrou com muita graça o dia em que resolveu aceitar o desafio de se candidatar a prefeito do Rio e foi comunicar isso ao seu xará, Marcelo Yuka.  Convidado a ser vice, Yuka demorou ‘segundos eternos’ a responder, e por fim decretou: ‘Eu já imaginava que você era maluco. Agora eu tenho certeza’.

Maluco, sem grana, e cheio de sonhos e de dados muito concretos sobre uma cidade que se torna cada dia mais vitrine de turista, e que empurra a sua sujeira e a sua pobreza para a mais moderna e pujante periferia, só que às escuras. Sem metrô, sem saneamento, sem saúde.  Cidade bronzeada e de sorriso falso, tal qual seu prefeito, tal qual Eduardo Paes.

Eu não sou carioca, e já disse isso outras vezes aqui. Meus conterrâneos talvez nem me entendam. Mas eu só escrevo isso hoje porque tive o privilégio de viver essa campanha nesta cidade que agora é minha sim – por que não? – já que todo mundo é, no fim das contas, cidadão do mundo. De um mundo cuja lógica econômica, cultural, estrutural, clama por mudanças. Um mundo que está capenga de coletividade e de cidadania. E foi isso que Marcelo Freixo propôs, com a sua tão repetida expressão: parceria com a sociedade civil. E que cada pessoa que também passou a se chamar ‘Freixo’ nas redes sociais sonhou junto.

E sabe do que mais? Se apesar de tanto vento contrário, essa semente conseguiu achar um solo onde pousar, eu corrijo: não estou triste. Não poderia. Isso tudo foi, como Freixo disse, extraordinário.